segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Contagem decrescente para o grande momento


© Pierrick Garenne / GPO

Finalmente a contagem decrescente para o grande momento “A Largada de La Rochelle”. Apesar da grande animação em terra, sentia-se o nervosismo dos velejadores que se por um lado queriam muito fazer-se ao mar, por outro olhavam já com saudade o “Vieux Port” de La Rochelle onde acenavam milhares de pessoas entre amigos e conhecidos. Nas suas caras e nos seus movimentos a bordo lia-se a alegria de partir mas também a preocupação e sentido de responsabilidade de chegar a bom porto sem problemas. Os abraços à  família foram muitos, as mulheres e pais diziam frases de cuidados a ter no oceano e claro algumas lágrimas correram pelas faces de todos.

A organização GPO “Grand Pavois Organization” anunciava ao microfone o nome de cada skipper, nacionalidade, objectivos e claro, como é tradicional, colocava a música escolhida por cada concorrente para este grande momento do adeus a terras francesas.

O vento não ajudou, a largada que estava marcada para as 13h00 foi sendo adiada até ao fim da tarde, altura em que os pequenos Minis conseguiram deixar os canais de La Rochelle pelos seus próprios meios. Esta situação deixou os concorrentes um pouco nervosos uma vez que habitualmente a travessia até à primeira escala, a cidade do  Funchal, deveria levar apenas cinco dias e com esta meteorologia os mais rápidos terão pela frente cerca de 8/9 dias.

De qualquer forma o Director da Regata, Denis Hugues, explicava “Apesar de toda a alta tecnologia usada nas previsões do tempo, há sempre alterações por vezes fortes. Para já não há quase vento o que vai dificultar os andamentos aos velejadores, vão fazer muitos bordos, ficar encalmados  e pensar muitas vezes se estão na rota certa. Mas pode acontecer que tudo se altere e consigam encontrar mais vento no oceano. Para já com este vento os primeiros velejadores, os mais rápidos, chegam à Madeira dentro de 8 dias. A frota dos Series vai ser mais lenta, talvez 10/11 dias, vamos ver. Na largada nada se define uma vez que ainda têm muitas milhas pela frente e tudo pode acontecer. Nem sempre os primeiros a sair da linha são os vencedores.”

Sem problemas de dia e hora de chegada está o velejador brasileiro de S. Salvador da Baía, Kan Chuh, que se define como o “Monsieur Tout Le Monde”. Descendente de chineses, nasceu na Baía, tem 50 anos, três filhos, é engenheiro electrotécnico e sempre viu passar na sua cidade a Transat. “Ficava nervoso cada vez que ia visitar os pequenos veleiros, queria fazer parte deste sonho. Ao longo de três edições da Transat fui observando o que os velejadores tinham a bordo, conversando com eles, pedindo conselhos técnicos, até que um dia consegui comprar um destes Minis. Depois foi necessário prepará-lo ao longo de dois anos, ver todos os pormenores e claro habituar-me também ao barco. Com a ajuda da Senhora do Bonfim consegui finalmente ficar em condições de participar. Atravessei o oceano, uma forma de o testar mas o grande problema foi o frio da Europa. Não imaginam como sofri, eu gosto de calor, praia. Agora que já estou a largar para esta grande aventura, quero é partir, realizar o meu sonho, atravessar o Atlântico e chegar à Baía num Mini, como sempre sonhei.”

Os 79 velejadores que largaram de La Rochelle têm agora uma tarefa difícil pela frente - muito mar e pouco vento.

O Clube Naval do Funchal, co-organizador desta grande regata oceânica recebe a frota, se o vento estiver de feição a partir do próximo dia 2 de Outubro com boas estruturas em terra e como não podia deixar de ser Bolo de Mel e famoso Vinho da Madeira.

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